Apêndice:Etimologias diversas

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O vocábulo inglês „bond“ mediante a forma aportuguesada „bonde“ assumiu por metonímia , apenas na variante do português falado no Brasil, o significado genérico que se pode discriminar do seguinte modo: carro eléctrico que se desloca sobre carris de ferro, dotado de roldana de contacto (trólei = trolley) para a ligação dos seus motores ao cabo de corrente eléctrica, o qual se encontra estendido em suspenso mesmo por cima do carro ao longo de todo o caminho dos carris de ferro (tramway).

A palavra „bond“ tem na sua origem inglesa um significado traduzível por „obrigação“ , cuja definição se discrimina em português como título de crédito que obriga a entidade emissora a pagamento de juros e ao reembolso do capital dentro do prazo previamente estabelecido.

A forma metonímica „bonde“ como designação genérica para o carro eléctrico nasceu em São Paulo, entre 1912 e 1920, quando a empresa canadiana então denominada „São Paulo Tramway, Light and Power Company” concessionária dos transportes colectivos de passageiros em São Paulo fez a emissão de obrigações („bonds“) resgatáveis a longo prazo para se financiar e assim poder construir e pôr em funcionamento os seus carros elécricos no caminho dos carris de ferro (Tramway de Santo Amaro) entre a estação da Vila Mariana e estação terminal no Socorro (Santo Amaro). Antes disso, em 1900, a sociedade canadiana São Paulo Tramway, Light and Power Company comprou a Companhia Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro (Tramway de Santo Amaro), a qual fazia um trajecto desde a estação de Vila Mariana até ao centro de Santo Amaro utilizando uma unidade automotora movida a vapor, a qual se deslocava por caminhos sobre carris de ferro com bitola estreita. A denominação popular dessa unidade automotora era „trenzinho“, e desde logo em muitos troços do seu trajecto, o dito „trenzinho“ teve o seu uso substituído pelo carro eléctrico (mais tarde designado bonde) e a linha férrea em grande parte ainda restante do trenzinho foi desactivada e desmantelada.

Quem fosse obrigacionista dos títulos da atrás mencionada emissão recebia um bónus (debentured bond) que facultava ao utente o direito a um abatimento no preço da passagem, quando se fizesse transportar em qualquer carro eléctrico da empresa. Antes de 1912, os carros que se deslocavam sobre carris de ferro em São Paulo faziam as suas viagens somente por meio de tracção animal e a citada concessionária canadiana veio substituí-la por tracção eléctrica. Por causa dessas condições especiais os carros eléctricos dessa concessionária trouxeram durante longo tempo um cartaz afixado à frente do lado de fora do veículo mesmo junto do „motorneiro“ (empregado da empresa que, ao freio, conduzia o carro eléctrico sobre carris) pintado sobre um fundo de cor alaranjada, a palavra em inglês „bond“ escrita com letras garrafais anunciando desse modo a emissão das obrigações („bonds“). A maioria dos passageiros utentes „não obrigacionistas” desconhecia por completo o significado da palavra „bond“ e por isso tomava aquela palavra inglesa inscrita à frente dos veículos como uma designação genérica do próprio veículo usado como meio de transporte, e assim surgiu em São Paulo por metonímia a designação genérica „bonde“.

A palavra „sanduíche“ é o aportuguesamento do nome inglês „sandwich“, conforme a ortografia estabelecida pela modificação de 1931 ao Acordo Ortográfico entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letra. A palavra „sandwich“ é um topómino inglês que remonta ao título nobiliárquico do diplomata britânico John Montagu, 4.º conde de Sandwich (1718-1792), o qual comia duas fatias cortadas de pão entrepostas com fatias de carne assada ou outros alimentos frios semelhantes à mesa de jogo para não ter que interromper o jogo. O nome „sandwich“ dado às refeições ligeiras em que se empregam duas fatias de pão entreposta com carnes frias é atestado na literatura inglesa a partir do ano 1760.

O topónimo „Sandwich“ etimologicamente provém do inglês antigo Sandwic que é formado por sand, areia + wic, do Inglês antigo wīc; a terminação -wich é usada em topónimos e provém do grego antigo oîkos através do latim vīcus. O termo latino vīcus na construção „sandwich“ significa pela sua própria origem aldeia ou povoação (casas habitadas), logo o termo „sandwich“ significa „aldeia“ ou „povoação“ situada no meio da areia ou junto a um areal.