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OM MANI PADME HUM!
Anarquia, Utopia e Liberdade
Pessoal, o que vou dizer abaixo é apenas um convite à reflexão. Não se trata de nenhuma proposta ou convite à discussão. Peço-lhes apenas que reflitam. Em primeiro lugar, usa-se muito mal o termo anarquia. Usamo-lo pejorativamente, como se anarquia fosse algo intrinsecamente ruim. Em segundo lugar, diz-se que a utopia é algo também ruim porque não existe, é fora da realidade e portanto não deve ser considerado como referência. Dizemos " isso é utópico " quando queremos dizer que não é factível. Entretanto, anarquia (do grego antigo: ἀν + ἀρχή) significa: ausência de governo, não necessáriamente "bagunça". O movimento anarquista que vigorou forte, especialmente na Espanha, teve princípios, não regras. Os seus princípios derivaram da convicção de que o ser humano adulto normal e capaz não necessita tutores. Evidentemente isso não é o caso dos incapazes: das crianças, dos deficientes mentais e dos loucos. Um ser humano, normal, capaz, civilizado e em pleno uso da razão, não necessita de polícia, de religião, ou do Estado. Esse ser humano é livre e, dono de sua liberdade, tem absoluto respeito pela liberdade alheia. Um sociedade anarquista viveria em um mundo utópico em que cada um respeitaria a liberdade alheia e portanto viveríamos todos em paz.
Com isso caímos na questão da Utopia. A Utopia deveria ser o ideal de todo ser humano; o modelo no qual a sociedade "real" deveria ser inspirar. Uma sociedade sem chefes, sem mandatários, sem tutores do comportamento e da consciência alheias. Justamente por termos abandonado as utopias, estamos vivendo essa devastação civilizatória e cultural, onde tudo se nivela por baixo. Ou seja, por não termos a Utopia como inspiração, somos condenados à Distopia permanente. E buscamos ansiosamente compensar esse vazio com o dinheiro e as drogas. E haja Prozac! porque nem o dinheiro, nem as drogas resolvem, quando o Homem abdica de pensar.
Por outro lado, senhores, vejam que contradição. Não há nada mais utópico que esse projeto. Se não, vejamos as afirmativas de nossa página principal: "O objetivo do Wikcionário é descrever todas as palavras de todos os idiomas, com definições e descrições em português..." e ainda "Qualquer pessoa pode editar e salvar qualquer definição; não é necessário identificar-se."
Pretendemos dicionarizar todas a palavras de todos os idiomas existentes e já extintos. Abrimos corajosamente a possibilidade de editar para qualquer um, sem avaliar sua capacidade, conhecimento, vontade, nem idoneidade. Damos ao desconhecido um voto de confiança! E queremos retirá-lo tão logo o desconhecido passe a ser um colaborador assíduo e identificado?
Pessoal, estamos dedicando nosso tempo, nossas horas de lazer, para um projeto absolutamente utópico! Não ganhamos salário, nem reconhecimento, nem poder, e estamos felizes com isso. Ou seja, estamos vivendo uma Utopia aqui e agora!!!! Será que não teremos coragem de preservá-la? Os possíveis vandalismos nos agridem tanto que queremos criar amarras, regras, normas e punições a torto e a direito? Vamos submergir ao medo dos que querem que esse meio seja todo organizado e ordenado conforme suas neuroses e não conseguem conviver com um sistema livre? A Liberdade é odiada por aqueles que tem o espírito escravo. Para que essa Utopia prevaleça é preciso conviver com o risco. É preciso abrir o coração e aceitar as diferenças, é preciso se despir do preconceito, do desejo de poder e de dominação, da crença em ser dono da verdade, da vaidade, do egoísmo, do medo. Não há como separar uma coisa da outra.
Liberdade, ainda que Utopia
Regimes totalitários são visceralmente contra a livre informação. Por quê? Porque a livre informação produz livres pensadores. Ora, totalitarismo e liberdade obviamente não coexistem, pois são coisas mutuamente excludentes. Do mesmo modo, totalitarismo e livre informação também não podem coexistir. Por outro lado, não existe produção e circulação de conhecimento sem livre informação. Em decorrência, a gênese de conhecimento fica comprometida sob o totalitarismo, qualquer que seja ele. É por isso que em um ambiente de cultura e de ciência, tal como nas melhores universidades do mundo, a liberdade de comportamento e de opinião é a regra e o direito à contestação e ao contraditório é considerado sagrado. Tudo o que leva a um maior conhecimento, leva a uma maior liberdade e vice-versa. E o totalitarismo (seja político, religioso, ou de qualquer tipo) ao impedir um, impede o outro. O que é triste é que esse totalitarismo insidioso, infiltra-se hoje em todos os domínios. Até a universidade, antigo templo do saber, está a se transformar em máquina caça-níquel (pelo menos no Brasil), que finje que ensina aos alunos bestificados, que finjem que aprendem. Ó gerações de autômatos, zumbis, que seguem, "felizes" o Grande Irmão, acordem! Há um outro modo possível de vida! Vocês são os modernos escravos, criados, preparados e domados para dar ao Grande Irmão todos os dólares que ele avidamente necessita e dos quais nunca se sacia. Suas mentes foram programadas para não pensar, para fazer o que lhes mandam, para produzir para os seus patrões sem questionamentos. O que vocês produzem e, guiados pela propaganda, consomem, é apenas a ilusão que o Grande Irmão lhes apresenta e que vocês crêem ser o ideal de vida. No entanto, ao abrir mão da liberdade, estão a abrir mão da própria alma. E estão a abrir mão da felicidade que é um estado de totalidade, de inteireza, de integração do Ser. Ao cederem ao totalitarismo, deixam de ser totais vocês proprios. Cedem sua alma, sua energia, sua libido, sua vontade ao ser que os oprime e tentam depois desesperadamente preencher, esse vazio que ficou, com as coisas efêmeras que lhes são oferecidas por empréstimo ou esmola. Da mesa do banquete dos donos desse mundo é que lhes caem as migalhas na pretensão não de satisfazer, mas de aquietar.